PONTO ELETRÔNICO

Você sempre sonhou em ter uma educação Ivy League, mas não conseguia nem comprar um daqueles moletons falsificados de Harvard?

Posted in Conteúdo, Variedades by pcbling on agosto 24, 2011

Agora você pode. Sem pagar nada e nem sair do seu pijama.

Uma tentativa em educação em rede — onde professores e alunos não são necessariamente no mesmo lugar e as lições envolvem o uso da tecnologia — A Stanford University está abrindo um curso de 10 semanas, Introduction to Artificial Intelligence, para todo mundo a partir de outubro. Cerca de 130.000 pessoas já se inscreveram (esse numero foi a ultimo quando conferimos no site).

Sebastian Thrun and Peter Norvig ensinam o curso e você ganha sua primeira estrelinha se reconhecer esses nomes. Norvig é diretor de pesquisa no Google e um Fellow do Association for Computing Machinery, e Thrun é um professor de pesquisa de ciências da computação em Stanford e é reconhecido para seu trabalho no robotics e machine learning.

Então, a democratização de educação ja chegou, e quando vemos uma instituição tão grande e tradicional como o Stanford abrindo as portas de um jeito não convencional, temos que acreditar que eles sabem exatamente o que estão fazendo. Claro, não é todo mundo que pensa assim, como os comentários no Slashdot mostram quando foi anunciado que dois outros cursos também vao ser liberados.

Mas imagina como o mundo de educação pode mudar se mais faculdades liberarem acesso as suas aulas. Tudo bem, não precisa liberar tudo, mas um grupo de aulas já seria bem interessante. O argumento contra isso é as matriculações e qualidade nas faculdades com prédios físicos podem diminuir, mas na verdade, a abordagem de Stanford tem muito a ver com a teoria por detrás da Wikipedia: Tudo mundo tem acesso igual para corrigir um artigo, e por isso, só os fatos comprovados vão colar; na educação em rede, só quem for  verdadeiramente interessado no curso vai aproveita-lo e isso vai ajudar a melhorar a qualidade do curso  e por consequência, contribuir para o desenvolvimento de  um sistema melhor.

Como funcionaria essa locura? Veja abaixo:

Em breve será possível se cadastrar para o curso no site, a primeira aula está programada para 10 de outubro.

O grau de exigência para os alunos virtuais será o mesmo para os alunos de Stanford. Você precisa ter um background sólido em matemática e ciências. Além disso, os professores esperam que você entregue suas lições e participe das conversas online, e sim, vai ter testes e prova final. Essa iniciativa não pode sería possível se não houvesse suporte tecnológico de outras empresas, de acordo com o  New York Times, os professores vão depender no cloud no Amazon para ajudá-los a monitorar as notas dos estudantes e vão utilizar um serviço de moderação do Google para interagir com alunos online.

Confere o roteiro de aulas para saber se o curso vai combinar bem com você.

Aaron Swartz

Posted in Tecnologia, Web, Youth by mari messias on julho 21, 2011

Tu pode nunca ter ouvido o nome do Aaron Swartz, mas certamente já entrou em contato com ele, ainda que indiretamente. O Aaron foi um dos criadores do RSS (com 14 anos!) e agora ele é um conhecido pesquisador de Harvard, programador, escritor e ativista da internet.

Bom, uns dias atrás ele foi preso por acusações de fraude, relacionadas a pirataria. O processo afirma que o Aaron Swartz entrou em computador do MIT pra conseguir acesso ao JSTOR. O JSTOR é um arquivo online de artigos acadêmicos americanos.  De lá ele baixou uma grande quantidade de arquivos que, segundo as autoridades, pretendia disponibilizar pra geral.

O Aaron diz que é inocente, mas em 2008 ele lançou um manifesto chamado Guerilla Open Access Manifesto onde ele nos lembra que o conhecimento produzido pelos sistemas de ensino deveria ser público. A idéia é que os sistemas de ensino criam muralhas para o consumo deste tipo de informação, indo contra seu próprio caráter educativo. Nos EUA normalmente cobrando taxas. Aqui raramente disponibilizando material ou mantendo restrições de alcance e, portanto, do conhecimento em si.

Um tempo atrás fizemos um post sobre isso, mostrando restrições impostas ao ensino superior por processos de copyright. E a contradição que é isso.

E a prova disso é a nova lei americana, que pretende tratar o hacking como uma espécie de atividade terrorista (lembram daqueles comerciais antigões aí de cima? Mesma vibe). Dentro dessa abordagem, Swartz pode pegar 35 anos de cadeia e pagar um milhão de multa.

Vale lembrar que nós, no Brasil, temos um projeto incrível chamado Marco Civil da Internet, mas também temos o projeto de Lei Azeredo. Se tu quiser te manter informado sobre os rumos das nossas leis de internet vale seguir o twitter do Partido Pirata Brasileiro.

Se tu quiser te aprofundar no tema, uma das leituras mais legais que eu já fiz foi Remix do Lessig. No livro ele fala como a falta de alteração da legislação para acompanhar as evoluções do P2P é danosa para nossa sociedade, segundo ele por 4 motivos. O primeiro é que a batalha contra a pirataria está sendo um fracasso. O segundo é fazer com que isso desagregue o valor financeiro da produção intelectual o que, em uma sociedade capitalista, relaciona-se bastante com a idéia de respeito. O terceiro é que a não legalização dessa forma de consumo reduz bastante as possíveis infinitas inovações tecnológicas do setor. E o quarto, esse copio pra vocês, que vale a pena:

But fourth and most important, had we had a system of compulsory licenses a decade ago, we wouldnt have a generation of kids who grew up violating the law. As a recent survey by the market research firm NPD Group indicated “more than two-thirds of all the music [college students] acquired was obtained illegally”. Had the law been changed, when they shared content, their behavior would have been legal. Their behavior would therefore not have been condemned. They would not have understood themselves to be “pirates”. Instead, they would have been allowed to lead the sort of childhood that I did – where what “normal kids did” was not a crime

Update da situação: a prisão do Aaron Swartz tem feito com que muita gente faça upload de pesquisas disponíveis no JSTOR para sites de file sharing. Lindo.