PONTO ELETRÔNICO

100%

Posted in Web, Youth by mari messias on outubro 14, 2011


Imagino que vocês, como pessoas que estão por dentro de tudo, já conheçam o tumblr We are the 99%. De toda forma, no site pessoas mandam depoimentos sobre por qual motivo fazem parte dos 99% da população mundial que não tolera mais a ganância e a corrupção do 1% que comanda.

Mas a novidade do dia é o We are the 1%, outro tumblr, onde quem nada em dinheiro manda mensagens dizendo que, também eles não toleram mais as coisas como estão.

Seguindo a mesma vibe, convoco a geral pro Occupy Together, uma manifestação mundial que vai acontecer amanhã. No site tu pode ver onde e que horas rola na tua cidade.

Pra quem não estiver bem certo porque devemos participar, é muito legal ler esse texto do Guardian, onde o David Graeber fala de um jeito massa uma coisa que, provavelmente, todo mundo sente: os jovens que tem protestado em Wall Street (e na Espanha, no Brasil, na Grécia, em Londres, pelas internets) rejeitam a ordem econômica atual, mas no lugar de ficar sentados vendo TV,  jogando videogame ou twittando piadas sem graça, eles mexem as cadeiras e retomam o futuro.

Prum texto ainda mais emocionante, vale ler o discurso do Zizek no Occupy Wall Street, nos chamando pra fazer diferente:

There is a danger. Don’t fall in love with yourselves. We have a nice time here. But remember, carnivals come cheap. What matters is the day after, when we will have to return to normal lives. Will there be any changes then? I don’t want you to remember these days, you know, like “Oh. we were young and it was beautiful.” Remember that our basic message is “We are allowed to think about alternatives.” If the rule is broken, we do not live in the best possible world. But there is a long road ahead. There are truly difficult questions that confront us. We know what we do not want. But what do we want? What social organization can replace capitalism? What type of new leaders do we want?

E aproveito pra pedir que vocês nos mandem suas fotos e vídeos pra gente juntar tudo num post bem bonito semana que vem.  Que tal, ein?

Remember Remember the 5th of November

Posted in Variedades, Web, Youth by Vinícius Perez on agosto 5, 2011

Vocês tão ligados no V for Vendetta, né? O gibi do Alan Moore e David Lloyd (e depois o filme onde a Natalie Portman raspa a cabeça) que fala sobre o V, esse herói terrorista que usa máscara do Guy Fawkes e prepara ataques ao governo totalitário da história. Pois também não é nenhuma novidade que essa máscara virou um ícone do Anonymous, esse grupo hacker provindo 4chan,que apóia o Assange, liderou ataques a Visa, Mastercard e Amazon e tá na correria pra ajudar o guri do LulzSec. O barulho foi tanto que gente foi presa e o FBI recolheu computadores, celulares e os agentes ainda faziam uma busca extra procurando na casa dos acusados por máscaras do Fawkes, como diz essa menina de 19 anos ao Gawker:

The agent in charge of my particular warrant actually asked me if I owned a Guy Fawkes mask. I told him no and then asked him if he was disappointed that he wouldn’t have a picture of “a real live Anon’s mask” to hang in his office. He actually said yes.

O Alan Moore falou rapidamente (ele tem esse histórico de amarguice para entrevistas, filmes e vida em geral) sobre o que acha das ações mascaradas:

I was also quite heartened the other day when watching the news to see that there were demonstrations outside the Scientology headquarters over here [in England], and that they suddenly flashed to a clip showing all these demonstrators wearing V for Vendetta masks. That pleased me. That gave me a warm little glow.

Ele tá falando disso aqui:

Pois a Comic Alliance foi ver como David Lloyd, o camarada que desenhou a HQ, se sentia sobre um personagem dele, 30 anos depois de sua criação, ainda ser um símbolo de rebeldia. Lloyd aparentemente tem o mesmo poder de dissertação que eu tenho em situações sociais e respondeu “Good”.

Ainda não sacou coé do Anonymous? Deixando de lado o poder de síntese, eles mesmos te explicam:

E agora que tu já leu e assistiu tudo, visite o (NSFW, que fique claro) Sexy Fawkes.

Progredir

Posted in Variedades, Youth by mari messias on junho 20, 2011

Tem algo de quase mecânico no termo marcha que poderíamos ver com olhares desconfiados: marchar por liberdade não seria uma contradição nos seus próprios termos? Usar um conceito militar que remete a simetria estética é o que muita gente fala sobre essas manifestações.

Como se os participantes estivessem lá por prezarem, acima de tudo, um sentimento estético do que uma ação real.

Mas o Aurélio diz que marchar também pode significar progredir, ir em frente.

Partindo disso, admito que vejo a aprovação unânime do STF como um progresso. E acredito que ele é fruto do acordo feito por uma parcela significativa da população, não só por quem saiu nas ruas marchando, de que debater e expor convicções não é, em si, um ato ruim ou inútil.

Agora quando fui pra SP, cheguei exatamente no dia da Marcha pela Liberdade. E, no meio daquele monte de gente, o que eu vi foi uma inquietação que não é brasileira nem paulista. É uma inquietação universal, que parece ter atingido seu ponto alto agora, no momento que estamos vivendo.

Como diz no manifesto pela Democracia Real:

Eu acredito que posso mudar as coisas. Eu acredito que posso ajudar. Eu sei que juntos nós podemos.

Ou na resposta do Anonymous para a OTAN:

Nós não desejamos ameaçar o jeito de viver de ninguém. Nós não desejamos ditar nada a ninguém. Nós não desejamos aterrorizar qualquer nação.

Nós apenas queremos tirar o poder investido e dá-lo de volta ao povo – que, em uma democracia, nunca deveria ter perdido isso, em primeiro lugar.

Ou como diz o pessoal da própria Marcha da Liberdade:

Não somos uma organização. Não somos um partido. Não somos virtuais. Somos uma rede. Somos REAIS. Conectados, abertos, interdependentes, uma mistura de carne e digital.

Essa mistura de online e offline não vem só redefinindo as políticas mundiais. Ela também tem redefinido a forma como pensamos sobre esses assuntos.

A sociológa Zeynep Tufecki fala dessa mistura e do poder disseminador das novas mídias no seu texto Twitter and the Anti-Playstation Effect on War Coverage. Pra ela, a grande diferença está no tom, muito mais do que na capacidade de poder interagir. Além disso, ela fala, que as pessoas confiam mais em conteúdos não curados por empresas (como canais de TV) e sim por especialistas, pessoas envolvidas, de fato, nos processos.

E partindo desses conceitos que o cineasta egípcio Amr Salama está criando Tahrir Square: The Good, The Bad, The PoliticianSalama resolveu transformar seu documentário sobre a revolução egípcia em um projeto colaborativo. Junto das entrevistas, feitas por ele, com pessoas que trabalharam próximas de Mubarak, ele convidou os próprios manifestantes a mandarem seus registros em vídeo ou foto.

The role of social media is to get everyone to know that we all share the same problems, we all share the same needs, we’re all asking for the same rights